MADRI, 27 de jan de 2006 às 15:02
A encíclica do Bento XVI "Deus Caritas est", não é uma reflexão abstrata, mas sim um olhar realista sobre "este mundo e esta cultura fragmentada", segundo o Arcebispo de Toledo e Vice-presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), Dom Antonio Cañizares.Durante uma coletiva de imprensa para explicar o conteúdo e alcances do texto pontifício, o Primaz da Igreja na Espanha sustentou que este "nos mostra a verdade do homem" e que "foi ao fundamento de tudo e nos mostra o horizonte" no qual a vida se enche de sentido.
O documento, prosseguiu, ensina a chave para que surja uma humanidade nova. A mensagem final do Bento XVI é "Deus, e o homem como parte inseparável do mesmo", chave central do pensamento do teólogo Joseph Ratzinger "sempre".
Segundo o Arcebispo, o Papa não só oferece esta mensagem aos cristãos, mas também "propõe a todos os homens de boa vontade o que é decisivo não só para o homem mas também para toda a comunidade humana, que é o Amor que se realiza no homem".
Bento XVI fala "simplesmente do amor, uma das palavras mais utilizadas e das quais mais se abusa" desnaturalizando-a e utilizando-a muitas vezes em sentido errôneo porque "se equivocou a raiz de sua substância", chegando-se a uma situação em que se desconhece o que é o amor, argumentou o Vice-presidente da CEE.
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Cristocêntrica, e por isso, muito humana
Do mesmo modo, Dom Cañizares qualificou a encíclica de "cristológica e cristocêntrica" e, por isso mesmo, "é profundamente humana, abre-se à esperança".
Em "Deus Caritas est", o Papa se "mostra profundamente realista, porque não há nada mais realista que o realismo da cruz, que é amor, e o amor cresce através do amor".
"Não se pode olhar o mundo e os sofrimentos dos homens como espectadores, mas sim desde esse amor que é a solidariedade, e que é a mensagem desta encíclica e o sentido e linhas da verdadeira caridade", explicou o Arcebispo.